As pessoas não compreendem porque tão grave e
tanto movimento de educadores. É muito simples.
A mais alta corte de justiça do
país já disse que desde 2011, o piso nacional é obrigação do ente público e
direito do trabalhador da educação.
Isso significa entre outras coisas, para
que se entenda bem, que desde o reconhecimento do direito alguém está sendo
lesado e, no caso, é o educador.
Quando se propõe algo que é abaixo do piso,
não é aumento, nem se quer é recomposição. Pode ser, quando muito um
encurtamento na distância entre aquilo que é obrigação de um e direito de
outro.
Existe no meio dos gestores
públicos a idéia equivocada de que com grandes investimentos em estrutura
física e tecnologia se fará a melhoria da qualidade de ensino. Isso mostra
apenas que não conhecem a realidade do trabalhador, do assalariado.
Claro que
investimento nessas áreas contribuem. No entanto, o que é decisivo é a
satisfação e o comprometimento dos profissionais que começa pelo salário digno,
pontual, hora atividade, incentivos para a formação continuada e quadro de
carreira.
Por analogia, imagine um time de futebol, desses que você torce e que
assiste todos os jogos, conhece os jogadores e de repente começa a não
produzir,a pesar de dedicarem em treinamentos, fazerem tudo certinho mas, o
resultado não vem.
Em dado momento alguém procura saber o que está criando essa
situação ruim e faz a grande descoberta que o “salário está atrasado” e que
isso mexe com o dia-a-dia dos atletas, que possuem compromissos, tais como
sustento da família, aluguéis, financiamentos, estudos, saúde, etc.
Quantas
vezes, nas cidades brasileiras o salário esteve atrasado e é pago sem
correções, enquanto o trabalhador vai ao comércio e paga com juros ou multas
contratuais, quando não se perdem direitos.
A situação do educador que não
recebe o piso nacional e movimenta-se organizadamente para reivindicar é
situação idêntica.
Além de todos esses
compromissos, exige-se do educador a formação continuada, que precisa dispensar
tempo, custa e nem sempre tem a garantia de ascensão graças ao quadro de
carreira.
Quantas cidades que não pagam o piso e colocam na responsabilidade do
educador a qualidade do ensino?
Tento imaginar quantas desculpas os gestores
tem utilizado para negar o direito a uma remuneração justa.
Será que eles têm
sido criativos ou repetem as velhas e superadas ladainhas que não tem recursos
e que a folha de pagamento está comprometida.
E tem alguns ainda que pedem
tempo como se os compromissos fossem adiáveis indefinidamente ou que a formação
ou qualificação profissional para a qual precisa motivação pudesse também ser
indefinidamente adiável, sem que atribuíssem ao educador a responsabilidade
quando não se alcança os avanços desejáveis no processo educacional.
Então,
vamos fazer o seguinte: cumprir o piso e acompanhar anualmente o quanto a
responsabilidade e a motivação dos educadores contribuirão para a melhoria do
ensino.
É pagar prá ver.
Hilda Suzana Veiga Settineri
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